Monte do Mateus

Monte
A - do - Mateus

A História

História do Monte A-de-Mateus

O sr. José Nobre Lança, da Torre Vã, foi em tempos, o dono desta propriedade que inicialmente tinha 700 hectares, mas dado que vivia longe, sempre a entregou a feitores para que a administrassem. Em 1948 o feitor Joaquim Fernandes Montes, meu avô, chegou com duas filhas, as minhas tias, para preparar o monte para toda a família. Era preciso dar ordem de despejo aos anteriores feitores, e começar as obras de recuperação. Ao fim de seis meses, já Vitória Maria Martins, minha avó, e os restantes filhos viviam aqui.  Na altura, as maiores produções da herdade eram o trigo, a aveia e o centeio. Mais tarde, a produção do milho e do arroz também se tornaram fortes. A pecuária ocupava igualmente grande parte do tempo das tarefas dos habitantes da Herdade, pois tinham vacas, ovelhas, cabras, porcos, perus e muitos outros animais de capoeira. Para além da família Montes viviam também neste lugar, num monte construído para os criados, cinco trabalhadores com as respetivas famílias. Tratavam dos animais: o boieiro, o ovelheiro, o cabreiro e o porcariço e outros trabalhavam nos campos com as parelhas de muares ou as juntas de bois. Uns trabalhavam o ano inteiro, e, outros apenas sazonalmente conforme as exigências das culturas. Inicialmente as refeições eram feitas pela minha avó e pelas minhas tias mais velhas, para todos os trabalhadores, que se juntavam em sua casa. Cozia pão todas as semanas e, grande parte dos restantes alimentos provinham da horta existente nas traseiras do monte. Mais tarde, as refeições passaram a ser feitas só entre a família, pois os trabalhadores começaram a usufruir das “comedrias”, ou seja, as condições de trabalho acordadas entre eles e o meu avô, e, entre outras coisas, recebiam alimentos como toucinho, farinha, feijão, grãos, azeite, etc. Os trabalhadores que cuidavam do gado recebiam ainda uma manta com as iniciais do meu avô, essas são as típicas mantas alentejanas, cremes e castanhas com riscas, que podem ser vistas no museu. Entretanto, a família aumentou em três o número de filhos, e, as irmãs mais velhas já cumpriam o papel de parteiras, pois quando a parteira Maria da Fontinha chegava já as coisas estavam encaminhadas. Ao todo a minha avó, teve oito filhos. Dois homens e seis mulheres. Os três mais novos frequentaram a escola na Fataca, que fica a cerca de 2km por caminhos secundários que, juntamente com os filhos dos criados, faziam a pé quer estivesse bom ou mau tempo. Mais tarde, o mais velho, Joaquim Maria Montes, o meu pai, começou a ajudar o meu avô, enquanto as raparigas iam, durante a semana, estudar para Odemira e, mais tarde, para Beja. Quando o meu avô chegou à reforma, em 1976, foi o meu pai quem assumiu a propriedade como rendeiro. Mais tarde, quando o dono faleceu a sua viúva vendeu-lhe a propriedade para continuar o trabalho do campo. Nessa altura, o arroz e o milho tomaram um maior protagonismo, e quanto à pecuária, apenas as vacas continuaram a fazer parte do negócio. As instalações foram ampliadas para guardar alfaias agrícolas, pois o trabalho do campo estava cada vez mais mecanizado. Hoje em dia sou eu, a terceira geração, quem faz a gestão da propriedade. Apostei no medronheiro como cultura de eleição. Fiz nascer o Museu e, mais recentemente, o  alojamento Local.  Sou o Luís Montes e espero receber a vossa visita em breve.